Idade Média Germânica e a elucidação da encantaria brasileira: o Imperador Frederico I, o Barbarossa, Dom Sebastião, Rei de Portugal, e a magia simpática
A ideia deste Seminário Temático consiste em articular os estudos acerca da Idade Média Germânica, objeto da Germanística Medievística, à reflexão sobre um mito de longa duração histórica na cultura popular brasileira, o Sebastianismo. Conquanto possam parecer distantes e desconexos, a expectativa messiânica em torno da figura de Dom Sebastião e a projeção escatológica sobre o encantamento e futuro retorno do Imperador Frederico I vinculam-se a uma mesma tradição. Trata-se de uma herança celta milenar, a encantaria, espécie de situação intermediária entre a vida e a morte, sendo os encantados acessíveis a poucos membros da comunidade. Em tal condição encantada se encontram tanto o Barbarossa, encantado após seu desaparecimento no rio Selef, na Cilícia, durante a Terceira Cruzada (1189-1192), quanto Dom Sebastião, encantado após a derrota na Batalha dos Três Reis, em Alcácer-Quibir, 1578. A Germanística Medievística, atenta à proposta de reflexão sobre “Travessias, encontros e diálogos”, pretende aqui propiciar uma oportunidade de discussão e reflexão em que as narrativas centro-medievais a respeito do encantamento do Barbarossa possam suscitar hipóteses explicativas para o mito longevo do Sebastianismo no Brasil. Não se trata apenas de manifestações datadas, como a promessa de que Dom Sebastião retornaria do Rio Vaza-Barris em Canudos, acalentada por Antônio Conselheiro. O mito ainda vive nos Lençóis Maranhenses, onde o rei português permanece encantado sob a forma de um touro. Por fim, o estema que une Frederico I e Sebastião de Portugal nos remeterá aos textos alemães sobre o primeiro encanto, Artur de Camelot.
Prof. Dr. Álvaro Alfredo Bragança Júnior (UFRJ) alvabrag@uol.com.br
Prof. Dr. Marcus Baccega (UFMA) marcusbaccega@uol.com.br