Literatura, Alteridade, Identidade (s)
Em consonância com a convocatória do III Congresso da Associação Brasileira de Estudos Germanísticos (ABEG), que se propõe a “estabelecer diálogos frutíferos da germanística com outras áreas do conhecimento”, o presente simpósio apresenta como tema norteador literatura, alteridade e identidade(s), a partir de um aporte interdisciplinar. Presente em recentes estudos pós-coloniais, feministas, desconstrucionistas e psicanalíticos, entre outras vertentes, a questão da alteridade (das Anderssein), na teoria freudiana, por exemplo, sustenta a reflexão do outro que habita o eu.
As relações de alteridade partem do pressuposto básico de que todo ser humano interage e interdepende do outro; é através do outro que nos tornamos sujeitos e nos reconhecemos como parte da sociedade. Este outro fundador nunca assumiu tão diversas (e ameaçadoras) faces – seja como mulher, seja naquele que, por ser diferente de nós, nos desafia: diverso na cor da pele, na língua e na cultura, nos afetos e orientações sexuais. “O diferente é o outro. O reconhecimento da diferença é a consciência da alteridade.” (BRANDÃO, 1994: 11)
Além do pequeno outro e do grande Outro lacanianos, eu sou porque o outro existe. Não há campo subjetivo sem a experiência nuclear da intersubjetividade. E, na constituição da identidade, é pressuposto que a “a identidade plenamente unificada, completa, segura e coerente é uma fantasia”, (HALL, 2011:13) mas que, ao contrário, é contingente e formada na interação com outros sujeitos.
Os elementos culturais e psíquicos que se articulam às diferenças de classe social, etnia, gênero, possibilitam a criação de identidade(s) que podem ser contestadas, assimiladas ou negadas em um local escolhido como lar. Neste panorama profícuo, as discussões acerca da pluralidade; o exercício da tolerância, o diálogo com/sobre o outro, tornam-se urgentes.
Por isso, o presente simpósio temático pretende reunir leituras de obras literárias que abordem as múltiplas tensões nas construções subjetivas e identitárias. Neste sentido, os desdobramentos das relações de alteridade e das arquiteturas identitárias, em obras literárias e da área de humanidades que dialoguem com a língua e/ou a cultura de países germanófonos são muito bem-vindas.
Érica Schlude Wels (FL/UFRJ) eswels@letras.ufrj.br
Michela Rosa di Candia (FL/UFRJ) mdicandia@letras.ufrj.br